domingo, novembro 12, 2006

outras correntes...

Outras correntes analíticas do processo de comunicação:

ESTUDOS CULTURAIS
A perspectiva dos Cultural Studies reúne os trabalhos desenvolvidos em torno do Centro de Estudos da Cultura Contemporânea da Escola de Birmingham.
Não tem como centro da preocupação os meios de comunicação de massa, mas a cultura.

Objectivo: estudo da cultura contemporânea e a articulação entre meios de comunicação de massa, cultura e estrutura social - entendendo-se o espaço dos meios de comunicação como lugar central de produção da cultura.
A Escola de Birmingham insere-se, de forma específica, na tendência a se considerar as estruturas sociais e o contexto histórico enquanto factores essenciais para se compreender os meios de comunicação de massa.

É atribuída uma importância central às estruturas globais da sociedade e às circunstâncias concretas. Os estudos ingleses partem de uma redefinição do que se entende por cultura, rompendo com os pressupostos marxistas que encaravam a cultura apenas como pertencente ao campo das ideias, que seria reflexo das relações de produção, da estrutura económica - de acordo com a clássica dicotomia mecânica entre infra-estrutura e super-estrutura.

Para Stuart Hall, a “cultura não é uma prática, nem é simplesmente a descrição da soma dos hábitos e costumes de uma sociedade. Passa por todas as práticas sociais e é a soma de suas inter-relações”.
TEORIA DOS ESTUDOS CULTURAIS (CULTURAL STUDIES) OU ESCOLA DE BIRMINGAM.

"Os trabalhos pioneiros em que se alicerçaram os estudos culturais talvez tenham sido The Uses of Literacy (1958), de Richard Hoggart, o fundador do Centro e seu primeiro director, Culture and Society (1958), de Raymond Williams, e The Making for the English Working Class (1963), de E. P. Thompson. Na opinião de Stuart Hall (1980a: 16), um dos principais autores de referência no campo dos estudos culturais aplicados ao jornalismo e segundo director do Centro, esses livros não pretenderam inaugurar uma nova disciplina, mas a partir dos seus diferentes âmbitos acabaram por delimitar um novo campo de estudos que se opunha ao paradigma funcionalista americano, que tinha crescente aceitação na Europa (Rodrigues dos Santos, 1992: 51), e revia as posições da crítica marxista, do estruturalismo francês e da Escola de Frankfurt, embora investigasse as questões da ideologia. De acordo com Hall (1980c: 63), os estudos culturais vêem a cultura como o conjunto intrincado de todas as práticas sociais e estas práticas como uma forma comum de actividade humana que molda o curso da história".
Excerto de SOUSA, JORGE PEDRO "AS NOTÍCIAS E OS SEUS EFEITOS"


TEORIA CRÍTICA
Criada em 1923 em Frankfurt, na Alemanha por nomes como Horkheimer, Adorno, Marcuse, Habermas; Lowental, Fromm, etc, pensadores influenciados porMarx, Freud, Hegel, Kant e Nietzche. Se, nos EUA, predominava a chamada “pesquisa administrativa” com os estudos funcionalistas e a corrente dos efeitos (step flow), na Europa a Escola de Frankfurt procurava consolidar-se como uma perspectiva mais crítica, a partir de uma avaliação da construção científica e ao papel ideológico que as ciências estariam a prestar ao sistema capitalista. Após a II Guerra Mundial, muitos pesquisadores alemães emigraram, e, em 1950, no Institute of Social Research, em Nova Iorque, foi retomada a actividade de estudo e pesquisa. O ponto de partida para esta teoria é a análise do sistema de economia de mercado: desemprego, crises económicas, militarismo, condição global das massas. É uma teoria que aborda temas como o autoritarismo, a indústria cultural e a transformações dos conflitos sociais nas sociedades industrializadas. TEORIA CRÍTICA OU ESCOLA DE FRANKFURT


"Held (1980: 80) salienta que uma das novidades trazidas pela Escola de Frankfurt foi a insistência em tratar-se a cultura integrada no meio social em que era produzida, e não como uma coisa à parte, sendo que os meios de comunicação social deveriam ser tratados como componentes dessa cultura. Inclusivamente, em 1947, Adorno e Horkheimer publicaram um artigo em que baptizaram a indústria mediática como indústria cultural, ou seja, indústria de produção simbólica, de produção de sentidos. O termo pegou, talvez devido à sua aplicabilidade, já que, ao ser (principalmente) indústria, a produção cultural estaria a perder a originalidade e a criatividade e a cair na estandardização e homogeneização dos produtos culturais. Esta opção, todavia, reduzia os riscos, facultava as vendas desses produtos e, por consequência, tendia a dar lucro. O consumo ditaria, assim, a produção. A lógica da produção cultural seria a lógica do mercado. Mas, o reverso da medalha é que as pessoas deixariam de ser autoras da cultura para se transformarem em vítimas de uma cultura de estereótipos e baixa qualidade dominantemente difundida pelos meios de comunicação social.
Para se impor, a indústria cultural, na versão de Adorno e Horkheimer (1947), teve de construir mitos, sendo um deles o da individualidade. Porém, mergulhado num caldo de cultura homogéneo, o indivíduo deixaria de se diferenciar. Pelo contrário, cada vez se assemelharia mais aos outros indivíduos. Os conflitos nada alterariam de substancial. Seriam até, principalmente, meros simulacros destinados a aparentar uma heterogeneidade que na realidade não existiria".

(...)
"Na versão de Adorno e Horkheimer (1947), o ritmo rápido com que são apresentados os produtos da indústria cultural e o carácter sedutor de cada um deles entorpeceria a desarmaria as pessoas, auxiliando a sua manipulação. O domínio da indústria cultural dever-se-ia, assim, a essa estrutura. Metaforicamente, os indivíduos pouco mais seriam do que ovelhas à mercê do lobo".
Excerto de SOUSA, JORGE PEDRO "AS NOTÍCIAS E OS SEUS EFEITOS"

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